quinta-feira, 2 de junho de 2011

FRAGMENTO PENSATIVO



Tamanha forma de verdade é o verso imposto, depois de uma inspiração querendona que se achegou junto ao peito. E assim se vem essas poesias notórias, sabedoras analíticas do mundo que as rodeia, uma forma de contar aquilo que o peito arrebata, que o instinto aflora, reescrevendo os clamores espirituosos de esperança.
É como uma vela acesa queimando quem lhe toca a chama, é como um chapéu que serve bem certo para a cabeça de muitos... Assim são as rimas, os ditos, as musicalidades. Manuscritos, melodias, rabiscos, entre tudo as formas de olhar o mundo desses seres diferenciados que nos ofertam: poesia, musica, sinceridade e acima de tudo, estendem o lombo de suas almas, para que possamos cavalgar junto deles, nesses devaneios e sonhos.
Um espelho de água doce, cristalizando faces, luzindo estrelas, clamando amores. É a cisma de rastrear passado, falar de essência, na história cultural que circunda os limites imaginários do que eles chamam de querência. Nesse passado revigoram-se muitos fragmentos, porém quando o dom lhes toma a rédea eles resgatam aquilo que era perdido, para que muitos tantos possam se reencontrar.
Sincero é o poeta – artista calado – nas palavras presas ao papel. Por isso me orgulho ao poder me encontrar num verso, me orgulho pela cultura imposta nesse meu Rio Grande do Sul. Tantos falam, muitos não sabem, mas quem tem os olhos tais os meus, devem por certo refletir que o azulado do céu mais belo é aqui, num costeio – água salgada – nos ligamos ao resto do mundo... Pelos rios de água mansa... Fronteiras sul-americanas com querências diversas... Uma cultura secular, construída a pata de cavalo, a força de guapos, com a miscelânea de raças desse povo tão nosso. É assim que nascem as poesias, é assim que cantamos as músicas, por que nós temos um cerne de inspiração que queima lento ao fogo de espírito, indutor artístico. Não precisamos inventar nada, tudo que é falado está ao nosso alcance e afaga a alma daqueles que se auto reconhecem nas diversas formas de arte.
É um desabafo crítico, mas no sentido construtivo, pois é bom sabermos as verdades que temos diante de um “hoje em dia” tão instável. Devemos escolher as pessoas certas a nos acompanhar, devemos admirar sinceramente, não podemos ir somente ao sentido que o vento sopra, precisamos de opinião. Por isso, sejamos sinceros, para chorarmos de verdade, para que possamos sorrir de verdade, vamos amar de verdade, vamos cantar de verdade, vamos ouvir de verdade, para que não sejamos estes tantos “FALSOS MANSOS”.
Contudo reflitamos, nessa belíssima obra:
QUE MÃO É ESSA
 (letra: Guilherme Collares/ música: Cristian Camargo)

Que mão é essa que palmeia as costas
E, fingida aperta nossa mão amiga
E depois oculta de maldade e sombras
Trampeia verdades e exalta mentiras

Que mão é essa que afia adagas
Na pedra sincera de um olhar parceiro
E, depois, à espádua, contamina idéias
Com palavras falsas e um sentir matreiro.

Eu prefiro a mão que mostra a face branca
E nos bate à face com a cara à mostra
Do que a garra afiada a predizer maldades
Com sorrisos falsos pra campear a volta

Antes a verdade, que até mesmo ofenda
Que a mentira oculta e a mansidão daninha.
Antes a vileza confessa e aberta
Que a revolta amarga e a traição mesquinha.

Antes o aporreado, malino e velhaco
Que mostra nos olhos o tombo que causa
Que o tombo na incerta de algum falso manso,
Que esfrega o focinho na mão que lhe afaga.

Um comentário:

  1. É isso aí Rafael! A verdade ninguém derruba e é ela quem dá sustentação às palavras. É a verdade que passa o sentimento e a emoção. E digo a verdade, no sentido amplo da palavra, essa que traz intrínseca em si a sinceridade, a amizade, o respeito e tantos outros valores que para muitos parecem ultrapassados. Parabéns pela iniciativa de ter este espaço dos teus fragmentos, porque é dos retalhos que se faz a colcha!
    Ramiro Amorim

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