sábado, 21 de maio de 2011

FRAGMENTO SIMPLESMENTE

          Ao circundar uma espera, numa meia tarde silenciosa, me vejo assim, pensativo. Com olhos rumando o longe e a sensibilidade de ser eu mesmo, voltando a cuidar da essência que me desdobra. Contemplo as coisas tão simples, que o quadro vivo do mundo oferta aos olhos sinceros do tempo.
E avisto um tímido sol, debruçando as suas mangas coradas no pasto que ainda verdeja, é tão simplório o acarinhado que invade um campo ao deixar a sombra, ganhando os afagos amornados do sol que bombeia longe. Queria eu ver somente o simples da vida, pra guardar – enraizados – os caprichos telúricos que habitam as fragrâncias azuladas que guardam um amor-perfeito-do-mato, ou mesmo poder vislumbrar meu mundo refletido numa gotícula espelhada, bem presa no farpo de um aramado, abrigando o último suspiro de um sereno manhaneiro. (FOTO)
Ser simples tal qual o sonho, ser canto tal qual poesia, ser alma pra ser sincero...
Meu acalanto é o espírito, que traz as vozes sedentas que gritam nos meus ouvidos, brigando pelas verdades. É meu ser por traz da sombra, é o meu eu simplesmente. Um fragmento envoltório que fala em som de poesia e canta a favor dos ventos, que me força erguer os olhos pra ver os simples fragmentos que rodeiam tantos. É o espírito – acalanto -  que borda os sonhos povoeiros pra resguardar-lhes no campo, e eu transcorro um chamado, um suplício, uma atenção, pra olharmos o mundo que temos, sugando o sulco tão doce que a simplicidade oferta.
Apenas eu – simplesmente – e nada além de mim mesmo pra evocar o que preservo. Pra desbravar geografias numa notória saudade, um tempo rastreador, com simples rimas – quimeras –
...Um naco de chão farrapo
Nesses torrões colorados
Mesclado a sangue grudado
Das veias de um pago antigo
Renasço em meio ao que vivo
Nas rimas sou coração
Pois vejo a simples razão
De ser aquilo que digo...

Sou fragmento simplesmente...  Um tradutor transparente, que no acalanto do espírito reafirma ditos sinceros, abrindo os olhos daqueles que me cercam. Num convite a observar as simples notoriedades que temos, para que possamos nos tornar mais sensíveis num mundo que vem tão cruel e imponente. Que o fragmento simplório, toque a alma desses tantos, lhe dando outro modo de ver os dias e de aproveitá-los, pois o mais simples que temos no mundo de hoje é ver o sorriso ingênuo de uma criança e o abraço sincero de um bom amigo.

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